O sexo dos anjos

Toda vez que meu primo e eu nos sentamos pra tomar vinho e bater papo, desde que comprei meu Mac, me parece que o assunto do final da noite acaba invariavelmente sendo A Batalha Mac x PC. Parece até falta de assunto. E no fim, é discutir o sexo dos anjos. Como diz minha irmã, ado-ado-ado cada um no seu quadrado.

Mas sacumé, né, puxou o assunto eu vou que vou. Mas sempre acaba caindo no chavão com-o-mesmo-dinheiro-que-vc-compra-um-mac-vc-monta-um-pc-super-hiper-vip-gold-master-plus.

Monta? Monta. De fato. Funciona? Opa se funciona. É mais rápido? Pode até ser.

O prazer de usar é o mesmo de usar um Mac? Absolutamente não. E é aí que eu digo que a experiência de usar um Mac há um ano me fez enterrar de vez qualquer possibilidade de voltar a ter um PC. Esqueci TUDO de Windows, veja se pode. Quando me perguntam, digo: desculpaê, mas não lembro mais.

Eu não sei explicar a razão de eu ser tão apaixonada hoje pelo meu computador (como todos que trocaram e viraram Mac-People). É um vírus altamente contagioso que emana do teclado e da tela logo que você começa a usar? Não sei. Mas me pegou.

Não tô ganhando nada da Apple pra contar aqui sobre minha paixão e nem estou fazendo sermão querendo converter ninguém, mas mesmo assim vou listar algumas das razões que me fazem amar cada dia mais meu Silvério:

1. Até hoje não sei nem a cor das placas que existem dentro dele, enquanto eu era obrigada a ver as partes íntimas do meu PC pelo menos uma vez por mês.
2. Há um ano eu não sei o que é formatar/instalar sistema operacional; nem preciso dizer quantas vezes por mês eu fazia isso no PC. (Aqui tem uma exceção, que foi quando eu reinstalei o SO num MacBook de um amigo que ia vender e precisava zerar o bichinho. E tem mais: foi indolor, um processo rápido e ininterrupto).
3. Instalar programa aqui significa arrastar um ícone para a pasta de Aplicativos. E desinstalar, arrastar o ícone pra lixeira. Simples assim. Isso resume a praticidade do Silvério como um todo.
4. Há um ano não vejo uma tela azul, se é que vocês me entendem. De fato uma vez o Silvério ficou um pouco confuso e me mostrou a tela cinza, mas juro que foi tão lindo (uma cortina cinza descendo lentamente com o texto, iluminação especial) que não consegui ficar brava com ele. Foi algo do tipo "Mil desculpas, não era isso que eu queria para nós dois nesse momento, mas infelizmente preciso reiniciar. Prometo que não acontecerá de novo"; e de fato não aconteceu.
5. Programa que dá pau aqui e fecha sem mais nem menos é de quem? Lixo$oft, mais precisamente o Office que só uso por causa do trabalho.
6. Mesmo depois de um ano de relacionamento estreito e já tendo caído na rotina, o Silvério ainda me surpreende com alguma coisa fofa ou extremamente funcional na hora em que preciso. A última que eu achei uma lindeza foi um dia em que a bateria acabou, depois de umas 4h de uso, e ele, claro desligou. Tipo, morreu mesmo, de apagar luzinhas e tudo. Pensei: bom, perdi o que estava fazendo então vou dormir. No dia seguinte, liguei na tomada, apertei enter e nada. Apertei o botão de ligar, nada. Fui tomar um café e quando voltei? Há, tudo ali na tela, igualzinho eu tinha deixado na noite anterior. Não me pergunte como, só o Mr. Jobs sabe.
7. "Mas tipo assim, tem programas piratas pra Mac?" Que isso, minha gente, coisa mais feia ser pirata! Quem falou em programas piratas? Isso lá é coisa que se diga nesse horário? ;)
8. Tudo nele é lindo. Podem dizer o que quiserem, até que é frescura. Mas frescura aqui não existe. O Silvério só tem o que eu preciso e se ele não tem alguma coisa, há, eu não preciso. Acredite.
9. Depois de um ano instalando coisas fofuchas, programas e etc, desinstalando o que não quero mais e tal, pasmem: o desempenho continua e-xa-ta-men-te o mesmo. Várias vezes ele me disse que estava muito gordinho, que o espaço em disco estava acabando e perguntem se mesmo com disco cheio e 200 janelas abertas ele ficou lerdinho? Na-na-ni-na-não. Lindinho da mamãe.
10. É um Mac. Ponto.